domingo, 6 de janeiro de 2013

Não é brincando de boneca que teremos homens melhores


Hoje Leonardo Sakamoto, que eu admiro e respeito, publicou o texto abaixo:

Por uma sociedade melhor, meninos deveriam brincar de boneca e de casinha 


Embora eu concorde com várias das colocações, algumas me causaram muito incômodo.

Concordo que meninos não devem ser privados ou proibidos de brincar de boneca e de casinha, mas não concordo que isso tenha que ser estimulado. Muito menos em detrimento da brincadeira com espadas como ele cita no texto. Coloque a espada e a boneca em frente ao menino e veja o que ele escolhe. E não tem problema nenhum ele escolher a espada. É natural, é da essência, vem no DNA. Ninguém se torna violento por brincar de espada ou de luta e agressividade não é algo que precise ser programado no homem. A agressividade é fruto de uma energia muito forte, natural nos meninos, mal canalizada e mal empregada. Meninos, mais que meninas, precisam gastar energia, precisam de desafios, precisam correr, subir em árvore, nadar, lutar e extravasar. A falta desta explosão é um dos fatores que vai gerar homens agressivos na idade adulta e a falta de espaços e atividades para que esta energia seja gasta também pode fazer com que meninos se tornem agressivos. 


Se o menino quiser brincar de casinha, ótimo. Se quiser brincar de boneca, ótimo. Assim como toda e qualquer brincadeira dita ‘de menina’, mas vamos deixar ele escolher e vamos aprender a lidar com essa energia masculina sem nos assustarmos e sem ficarmos podando os meninos a cada vez que começam a duelar. Eu brinco de luta com meu sobrinho de 4 anos desde que ele tinha 2 (por iniciativa dele) e o menino é um doce e não levanta a mão para dar um tapa em ninguém, nem mesmo em mim depois que a brincadeira acaba. Talvez se ele fosse privado deste tipo de brincadeira, se disséssemos a ele que é feio, ele estaria acumulando toda essa energia para soltar sei lá onde e muito menos de que maneira.

Agora, sobre a divisão das tarefas no lar e a compreensão pelos meninos de que isso é também tarefa deles, isso será compreendido facilmente desde que ele veja pai e mãe em parceria tanto nos cuidados do lar quanto nos cuidados com a educação dele. É recebendo carinho e participando de uma família harmoniosa que este menino se tornará um homem carinhoso e sensível.

Mas aqui também é preciso ser cuidadoso porque senão a gente entra numa lógica de que todo mundo tem que fazer tudo e isso não funciona. Não consigo achar natural o homem de avental na beira da pia lavando louça enquanto a mulher leva o carro no borracheiro para consertar o pneu. Mas acho normal o homem lavar louça (sem avental) enquanto a mulher coloca a criança pra dormir.  Acho que a questão não está no lavar louça, passar roupa ou limpar o chão. A injustiça está sim no tempo que sobra para o ócio de cada um. O ócio precisa ser compartilhado. Direitos iguais para o ócio. O que não está certo é o homem deitado no sofá depois de um longo dia de trabalho enquanto a mulher se acaba nas tarefas domésticas, também depois de um longo dia de trabalho. Se cuidarmos para que homem e mulher sejam uma equipe que só descansa quando o jogo acabar e que o jogo acabe ao mesmo tempo para ambos, aí o troféu fica bem dividido. 

De volta à realidade




Nesta época do ano, em que muitas pessoas terminam o período de férias e retornam ao trabalho é comum ouvir a frase “de volta à realidade”.

Diante do lamento de tantas pessoas, me vêm algumas perguntas:

- o descanso não foi real?
- a praia não foi real?
- o ócio não foi real?
- a preguiça não foi real?
- acordar tarde não foi real?

E a grande pergunta que contém todas as anteriores:

O PRAZER NÃO É REAL?

De onde vem essa mania de achar que nosso destino é sofrer? Culpa do Freud?

Quando você considera que o sofrimento é a realidade, dificilmente conseguirá se livrar dele.

Se as pessoas dissessem: “de volta à chatice” eu compreenderia porque realmente o mundo está repleto de gente que tem uma vida chata e que só consegue se livrar da chatice nas férias.

Mas se o problema for esse, tem cura.

Vida chata dá pra mudar. 

Roniel Lopes